Viver em condomínio exige convivência, respeito às regras e atenção aos limites do outro. No entanto, quando se trata de diferentes gerações morando lado a lado, surgem desafios específicos: os jovens, geralmente mais ativos e conectados, podem entrar em conflito com idosos, que buscam tranquilidade e rotinas mais calmas. Esse choque geracional pode gerar desentendimentos frequentes e até conflitos jurídicos, caso não seja mediado adequadamente.
Segundo a Dra. Juliana Teles, advogada especialista em direito condominial, “o condomínio é um espaço coletivo e todos têm direitos iguais. Diferenças de idade e hábitos não justificam desrespeito às regras, mas exigem compreensão e mediação. O síndico deve atuar de forma neutra, garantindo que normas sejam cumpridas sem prejudicar nenhum grupo.”
Principais pontos de conflito
- Barulho: festas, reformas ou atividades esportivas dos jovens podem incomodar idosos.
- Uso das áreas comuns: academias, salões de festa e piscinas podem gerar disputas por horários ou prioridade.
- Tecnologia e comunicação: aplicativos de monitoramento ou grupos de WhatsApp podem ser menos acessíveis para moradores mais velhos, gerando mal-entendidos.
- Rotina e horários: diferenças no estilo de vida podem provocar atritos, como horários de entrada/saída de elevadores ou circulação em corredores.
Responsabilidade do síndico
“O síndico deve prevenir conflitos e aplicar as regras de maneira equilibrada, sem favorecer um grupo em detrimento de outro. Ele pode mediar reuniões, criar comissões e propor horários de uso das áreas comuns para minimizar atritos”, explica Dra. Juliana.
O Código Civil e a convenção do condomínio asseguram que todos os condôminos têm direito à tranquilidade e ao uso das áreas comuns, mas é obrigação do síndico garantir equilíbrio e boa convivência.
Medidas práticas para síndicos
- Criar regras claras sobre horários de silêncio e uso das áreas comuns.
- Promover assembleias participativas para discussão de conflitos.
- Implementar sistemas de reservas para salões, quadras e piscinas.
- Estimular educação e conscientização sobre convivência intergeracional.
Dicas para moradores
- Respeitar horários e regras estabelecidas pelo condomínio.
- Procurar diálogo direto antes de formalizar reclamações.
- Participar de assembleias e sugerir soluções que contemplem todos os moradores.
- Ter empatia: compreender que cada faixa etária possui necessidades diferentes.
Conclusão
Dra. Juliana Teles reforça que “o choque geracional é natural em qualquer comunidade, mas pode ser resolvido com regras claras, diálogo e mediação adequada. Síndicos e moradores devem trabalhar juntos para construir uma convivência harmoniosa, onde direitos individuais e coletivos sejam respeitados.”

