Que a dengue mata, todo mundo já sabe. Que os cuidados para combater o mosquito Aedes aegypti devem ser tomados por todos, isso também é de conhecimento geral. Mas como o síndico pode ajudar a enfrentar essa doença que, só este ano, segundo dados do Ministério da Saúde, já registrou mais de 650 mil casos e matou 113 pessoas? Condomínios são locais bastante propícios para a proliferação da dengue por ter grande concentração de pessoas e diversidade de locais onde o vetor pode se reproduzir. Também de acordo com o Ministério da Saúde, 74,8% dos criadouros do mosquito da dengue estão nas residências. Neste cenário o síndico tem papel importante, segundo autoridades de saúde.
Em Campos, a Secretaria Municipal de Saúde informou que o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) tem feito um trabalho permanente em todos os imóveis da cidade, inclusive nos condomínios.
Segundo Claudemir Barcelos, coordenador do Programa Municipal de Controle de Vetores (PMCV), as equipes de combate ao Aedes não têm encontrado dificuldades de acesso aos condomínios. “Quanto aos imóveis fechados é feita a comunicação ao síndico ou à imobiliária responsável pela residência”, disse Barcelos.
Rodrigo é síndico do condomínio do Bosque Residence Clube, no Novo Jockey, em Campos, e administra 138 unidades em um lote horizontal. O local tem uma ocupação de aproximadamente 35%. Ele conta que, após notícias do aumento dos casos de dengue, e a primeira atuação do condomínio foi direcionada à zeladoria, para orientar os funcionários quanto à importância dos cuidados com a dengue e para que fizessem acompanhamento diário dos lotes para evitar criadouros do mosquito transmissor da doença.
“Orientei para que a zeladoria ficasse mais atenta às áreas comuns do condomínio, nas áreas onde tem acúmulo de água, na área de lazer, e principalmente nos espaços onde fica guardado material de construção. A gente encontrou de fato alguns focos no condomínio e logo os proprietários dos terrenos que estavam em obra sanaram os problemas. Apenas uma unidade que não respondeu, não fez a correção do problema, que era uma piscina que estava em fase de construção e a obra estava parada. E aí a gente acionou o CCZ (Centro de Controle de Zoonoses). O órgão foi até o condomínio, fez a colocação do material para matar as larvas”, lembrou.
Ainda segundo o síndico, o CCZ aconselhou ao condomínio a ligar para a Vigilância Ambiental e solicitar uma visita de agentes do órgão. “Fiz essa ligação e a Vigilância Ambiental compareceu. O condomínio notificou o proprietário, ele foi até o local com a equipe de obra, fez a limpeza e providenciou o fechamento da piscina enquanto não terminava a obra. Achei muito interessante o papel tanto do CCZ quanto da Vigilância Ambiental em trazer uma segurança de fiscalização e autuação dos proprietários que não cuidam da correção dos problemas existentes nos seus espaços privados”, destacou Rodrigo.
Papel importante
O Aedes aegypti não é transmissor apenas da dengue, mas da zika e chikungunya. Mas como o síndico pode ajudar a manter o condomínio livre do mosquito transmissor de tantas doenças?
O primeiro passo é instruir os colaboradores de serviços gerais sobre os cuidados que devem ser tomados, como manter as lixeiras sempre limpas, recolher objetos que possam acumular água, manter a frequência do corte da grama, se atentar à limpeza da piscina e do poço do elevador.
Outro ponto importante é sobre a visita de agentes comunitários de saúde ao condomínio. O responsável deve permitir o acesso, acompanhar a fiscalização e fornecer todas as informações necessárias. Além disso, é responsabilidade do condomínio conscientizar os moradores sobre a importância dos cuidados dentro dos apartamentos. Essa orientação pode ser feita por meio de comunicados em aplicativos, mensagens nas ferramentas de comunicação do prédio e, se possível, reforçada em reuniões.
Dentro das unidades, é importante manter os espaços, como sacada, varanda e terraço sempre limpos, não deixar água parada, cuidar dos vasos de plantas, entre outros.