Conviver em sociedade sempre foi um desafio para o ser humano. Desde a era das cavernas, a disputa por territórios foi constante, e com o passar do tempo, regras foram estabelecidas para que espaços fossem delimitados. Além da busca por um território, as diferenças vão além dos espaços e desafiam as pessoas a aceitarem algumas vezes, o que para elas, poderia ser inaceitável. Isso é comum em grandes cidades que trocam quintais por playgrounds. Condomínios, em alguns casos, coloca a prova a harmonia da sociedade como foi há milhares de anos atrás.
Em Campos, com a falta de espaço na região central aliada à especulação imobiliária, fez crescer uma onda de condomínios verticais que trouxe, até então para a pacata cidade, rotinas diferentes dos costumes da maioria dos habitantes que cresceu nas tradicionais casas dos bairros e distritos. Um condomínio que pode ter centenas de unidades, como o caso de um localizado no Parque Rodoviário. O local, que se destaca pela segurança e comodidade, também dá lugar a alguns desentendimentos por vagas demarcadas, barulho após o horário permitido e até sumiço de animais de estimação. Casos como esses acabam tirando a paz de quem busca a tranquilidade da casa própria
Segundo um morador, acontecem desentendimentos nas áreas comuns e até no grupo do WhatsApp onde praticamente todo dia tem uma reclamação por algo. Em alguns casos, o síndico chega a retirar quem reclama do grupo, que é restrito a moradores e proprietários.
– É complicado, pois às vezes para carro em nossa vaga e quando a gente chega da rua, não sabe o que fazer. Se deixar na vaga do vizinho, logo depois precisamos descer novamente para retirar o nosso. Fora que rola confusão por causa do som alto e outro dia teve por causa da bagunça que estava a lixeira. O síndico não mora aqui, quando vamos falar com ele sobre algo que está errado, ele não aceita – abordou um morador que não quis se identificar com medo de represálias.
Para a síndica profissional Suellen Santana, é preciso ser profissional, tolerante e entender das regras para uma boa convivência: “Busco trabalhar com profissionalismo associado à proatividade, mas também com paciência. É preciso saber lidar com as situações impostas diariamente nos condomínios. Como síndica profissional, temos pessoas com opiniões diferentes formadas, porém, precisam entender que as regras que existem, são de cada condomínio para uma boa convivência dentro desta comunidade”.
Já Suzy Monteiro, comunicóloga, especialista em Gerenciamento de Crises e CEO da Meu Condomínio – revista, site, redes sociais e eventos -, explica que a inteligência emocional é o item básico para quem exerce a função de síndico: “São centenas, às vezes milhares de pessoas com opiniões diferentes, mas que são moradores e, por isso, têm que ter suas opiniões levadas em consideração. Não se pode ‘calar’ as vozes contrárias e sim entende-las”.