Um síndico foi acordado pelo sistema de segurança de um prédio e impediu o furto de uma motocicleta após correr atrás dos suspeitos em Praia Grande, no litoral de São Paulo. As câmeras de monitoramento flagraram toda a ação. Um jovem de 18 anos e um adolescente de 17 foram detidos após serem surpreendidos pelo síndico do prédio e duas viaturas da Polícia Militar (assista o vídeo no fim da matéria). Apesar da atividade bem intencionada, o especialista em segurança ouvido pela Revista Meu Condomínio, Rodrigo Muniz classificou a atividade do síndico como perigosa e desaconselhável.
De acordo com o boletim de ocorrência, os suspeitos pularam o muro do condomínio durante a madrugada de quarta-feira (15), no bairro Guilhermina. Inicialmente, eles furtaram o controle do portão, um perfume e um cartão bancário, itens que estavam em um dos carros destrancados na garagem.
Em seguida, os dois homens pegaram um capacete e uma moto que estava com a chave na ignição. O síndico, que preferiu não ser identificado, contou ao g1 ter sido acordado pela portaria remota do condomínio, que entrou em contato pelo interfone para informar sobre a invasão.
Por meio de nota, a empresa de segurança Antec explicou que o movimento suspeito foi detectado pelos sensores. Eles dispararam um alerta na central de monitoramento. Além de entrarem em contato com o síndico, os operadores ativaram o sistema de alarme sonoro e acionaram a PM.
“[Fechar o portão] fez com que eles perdessem tempo e eu conseguisse chegar e pegá-los ainda na porta do condomínio. Eles se assustaram, largaram a moto e correram. Eu corri atrás porque já vinham duas viaturas da Polícia Militar, uma por cada lado do condomínio”, explicou o síndico.
O adolescente foi ouvido na presença da mãe e liberado após a assinatura de um termo de compromisso de comparecimento ao Ministério Público, enquanto o maior de idade foi preso em flagrante. Ainda no mesmo dia, o homem foi colocado em liberdade durante audiência de custódia. O caso foi registrado na Central de Polícia Judiciária (CPJ) da cidade.
O que diz o especialista em segurança Rodrigo Muniz
🧠 Síndico corre atrás de criminosos: atitude correta ou arriscada?
O síndico foi acionado pela portaria remota após o sistema de segurança detectar uma movimentação suspeita no condomínio.
Ao verificar as imagens, percebeu que dois indivíduos haviam invadido o prédio e estavam tentando furtar uma motocicleta na garagem.
Mesmo com a chegada da viatura policial e ouvindo barulhos vindos de diferentes direções, o síndico saiu correndo atrás dos criminosos, tentando impedir o furto por conta própria.
Apesar da boa intenção e do senso de responsabilidade, essa atitude foi errada e extremamente perigosa.
O síndico não é um agente de segurança, e sim um gestor administrativo e preventivo.
Ao agir dessa forma, ele colocou sua própria vida em risco se os criminosos estivessem armados com uma faca, uma arma de fogo ou qualquer outro instrumento de ataque, poderiam ter reagido e tirado a vida dele.
Em resumo: o síndico poderia ter morrido.
🚫 O que o síndico fez de errado
• Perseguiu os criminosos, expondo-se ao risco;
• Deixou o abrigo seguro, sem apoio ou equipamento;
• Agiu por impulso, sem preparo técnico e sem protocolo definido;
• Enfrentou o perigo, mesmo com a polícia a caminho.
Essa conduta, embora movida pela coragem, não segue os princípios da segurança preventiva.
Em segurança, a emoção nunca pode comandar a ação.
🧭 O que deveria ter sido feito
• Abrigar-se em local seguro dentro do condomínio;
• Observar à distância o deslocamento dos suspeitos;
• Anotar e repassar à Polícia Militar as características físicas, roupas, direção da fuga e outros detalhes;
• Acionar a central de monitoramento e preservar as imagens para investigação posterior.
Essas ações são seguras, eficazes e colaboram com o trabalho das forças policiais, sem expor vidas ao risco.
Controle emocional salva vidas
“Não deixe que, no calor da emoção, a sua emoção fale mais alto que as suas atitudes.
Agir pela emoção sempre traz consequências e uma consequência pode ser fatal.
Patrimônio se recupera. A vida, não.”
O controle emocional é parte essencial da segurança preventiva.
O fator humano treinado deve agir com calma, técnica e estratégia, jamais com impulso ou reação emocional.
A prevenção nasce do planejamento — e o planejamento protege vidas.
Conclusão profissional
Esse caso reforça uma lição fundamental: coragem sem técnica gera vulnerabilidade.
A segurança eficiente é resultado da integração entre tecnologia, protocolo e fator humano treinado, nunca da improvisação ou da impulsividade.
O síndico deve ser gestor da segurança, não agente de confronto.
A prioridade sempre será preservar vidas, controlar a situação e acionar as autoridades.
“A segurança começa na prevenção e se consolida na atitude correta.”
— Rodrigo Muniz de Araújo
Gestor e Especialista em Segurança Privada