As agressões sofridas pelo ator e influencer Victor Meyniel e a atitude omissa do porteiro que presenciou todo o crime, ocorrido no último sábado (2), em um prédio em Copacabana, no Rio, levantou alguns pontos como: o despreparo de funcionários para agir em tais situações e falta de procedimentos claros dos condomínios que possam nortear os colaboradores durante esses casos. A avaliação é do palestrante, especialista em Segurança e educador corporativo, João Alberto. O porteiro Gilmar José Agostini foi autuado por omissão de socorro (veja aqui). Nas imagens, ele aparece assistindo ao ator ser espancado e até tomando um café durante o ocorrido. Em determinado momento, Gilmar levanta da cadeira e arrasta o ator caído no chão para não atrapalhar a passagem.
“Primeiramente, vale ressaltar que não só no caso dele (Gilmar), mas em qualquer caso, o Código Penal, no artigo 135, ele fala sobre a questão da omissão de socorro, que é o que aconteceu ali. O porteiro não era obrigado a separar a briga, já ele pode se achar em condições físicas inferiores ao agressor, ele pode ter algum medo, alguma limitação física. Mas ele não poderia se omitir como foi o caso. Assistiu a todo o espancamento sentado olhando como se fosse um programa de TV. No momento em que a agressão começou, ele deveria tomar a atitude de avisar ao síndico e à autoridade policial”, pontua o especialista.
Ainda de acordo com João Alberto, protocolos claros e definidos pelos condomínios podem evitar tais problemas.
“O que os condomínios deveriam ter e não têm? Primeiro, eles deveriam ter procedimentos claros para várias situações, inclusive essa (agressão do ator). E geralmente não têm. Esse porteiro agiu dessa maneira. Se fosse outro horário, outro porteiro agiria de outra maneira. Porque os condomínios não têm procedimentos claros e escritos de como se deve proceder em diversas situações. Esse é um trabalho que nós fazemos, que é normatizar procedimentos. Essa é a primeira questão. A segunda é a falta de treinamento. Os porteiros não são treinados. E isso é necessário”, analisa.
E completa: “O que falta nos condomínios são procedimentos, protocolos de segurança, de postura, de comportamento para os porteiros, zeladores, até o pessoal da limpeza.”
Sobre o caso
O ator relatou que conheceu o agressor, o médico Yuri de Moura Alexandre, em uma casa noturna e ele o convidou para ir até seu apartamento, pois estaria sozinho. Em determinado momento, uma amiga do estudante chegou, e seu comportamento mudou repentinamente.
“Parece que virou uma chave, me botou pra fora, me empurrou. E aí nisso que ele me empurrou, como eu tava sem sapato, porque eu tirei pra ficar no sofá, eu tava no chão, ele me empurrou, foi e tacou o sapato [em mim]”, afirmou a TV.
O ator contou que ele e Yuri desceram, então, para a portaria. Os dois teriam discutido antes das agressões começarem. Ele, inclusive, teria questionado o agressor o motivo da mudança de comportamento. “Não entendi o porquê desse alvoroço todo, e falei: ‘A gente tava ficando, pelo amor de Deus, qual o problema da gente estar se beijando ali, entendeu?’”, relatou ele.
Foi nesse momento que as agressões teriam começado. As imagens das câmeras de segurança do prédio, divulgadas pela equipe do artista mostram Yuri dando socos em Victor, que está caído no chão. O ator até tenta se defender tapando o rosto, mas o agressor não para. O porteiro apenas observa a cena. “Eu pedi para ele parar, e ele não parava”, relembra.
Após as agressões, Victor fica caído no chão e Yuri deixa o local. O ator precisou da ajuda de um morador do prédio para chamar a polícia.
Um comunicado emitido pela equipe do ator destacou que ele “junto com a sua mãe, prestou queixa na 12.ª DP”, passou por um exame de corpo de delito do Instituto Médico Legal (IML) e sendo atendido numa Unidade de Pronto Atendimento e que ele vai procurar medidas legais contra o agressor.
Ainda segundo a delegada do caso, Yuri chegou a ir para a academia depois das agressões. Ele foi preso quando voltava. “O Yuri já chegou dizendo: ‘não toquem em mim, sou médico e militar, e bati mesmo, qual o problema?’. Ele não é militar, porque quando nós temos um militar autuado, temos que entrar em contato com a sua instituição para fazer escolta. Ele não é médico ainda, é estudante, por isso que ele também responde pela falsidade ideológica”.