O brasileiro Ygor Daniel Zago, de 44 anos, traficante internacional de drogas conhecido como “Hulk” e ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC), foi preso na última sexta-feira (14) em Portugal com sua esposa, Fernanda Ferrari Zago, de 40, em um condomínio particular de luxo na cidade litorânea de Cascais.
A prisão do casal foi feita pela Polícia Judiciária de Portugal, que confirmou a informação nesta segunda-feira (17) ao g1. Os dois estavam sendo procurados pela polícia brasileira por envolvimento com a facção criminosa paulista.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa do órgão informou que “os detidos foram ouvidos por um juiz que decretou a prisão preventiva enquanto aguardam o processo de extradição para o Brasil”.
Ygor é réu na Justiça brasileira, acusado por crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção ativa. Ele também é investigado por suspeita de ser uma das lideranças do PCC no envolvimento com o esquema de fraude de combustíveis, no qual se adiciona metanol ao produto.
Inclusive por envolvimento num esquema transatlântico que ligava o Primeiro Comando da Capital à máfia dos Bálcãs para o narcotráfico internacional.
Fernanda foi detida porque estaria colaborando com o marido para que continuasse foragido e se escondendo das autoridades brasileiras.
A investigação contra o casal é feita pela polícia de São Paulo com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público (MP) estadual.
Segundo a denúncia do MP, o grupo criminoso começou a agir em meados de 2019 em São Paulo, Guarulhos, Santo André, São Bernardo do Campo, Osasco, Poá, Campinas, Itatiba, Limeira, Jacareí e Piracicaba.
De acordo com a acusação, as vítimas da quadrilha são os consumidores de combustíveis automotivos.
“A organização criminosa age de forma ordenada e com divisão de tarefas, para o fim de obter, especialmente, vantagem econômica, mediante revenda de combustível – gasolina e etanol – em desacordo com as normas – adulterado; a corrupção de agentes públicos vinculados a órgãos de fiscalização da atividade, e a ocultação dos valores e bens”, informa trecho da denúncia.
Ygor é apontado como um dos líderes do esquema criminoso de adulteração de combustíveis, que conta ainda com contadores, secretários, operadores, supervisores e “laranjas”. Foram identificados 33 postos de combustíveis usados pela quadrilha para cometer os crimes.
“Fica evidente que a Orcrim [organização criminosa] prioriza a venda de combustível adulterado aos consumidores”, informa a acusação do Ministério Público. “E não bastasse a utilização de metanol nos combustíveis e a fraude para entrega em quantidade inferior à vendida ao consumidor, a Orcrim também se vale de água para diluir gasolina e etanol.”
Recentemente, os órgãos pediram a inclusão do nome e foto de Ygor na Difusão Vermelha da Interpol, polícia internacional. As buscas pelo casal tiveram apoio da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF).
O Ministério Público de São Paulo informou nesta segunda-feira por meio de nota que “acompanha através dos meios formais de cooperação jurídica internacional a prisão de dois dos denunciados na operação ‘Boyle’ em Portugal.”
“Os trâmites eventual extradição dependem dos meios de colaboração entre países e seguem com acompanhamento para o regular trâmite do processo já em curso”, concluiu o comunicado da Promotoria em São Paulo.
Fonte: G1

