Um casal de imigrantes cubanos denunciou à Polícia Militar um episódio de injúria racial na noite desta quarta-feira (16) em um condomínio residencial no bairro Santa Mônica, na Região de Venda Nova, em Belo Horizonte. Ninguém foi preso ou conduzido à delegacia.
A ocorrência foi registrada após uma discussão envolvendo o uso de energia elétrica em área comum do prédio. O casal ficou sem luz no apartamento onde mora devido a débitos deixados pelo antigo morador. As ofensas, segundo o registro policial, foram proferidas pessoalmente pela síndica e ao se referir aos imigrantes enquanto falava por telefone com o corretor que alugou o imóvel.
De acordo com o boletim de ocorrência, o casal, formado por Alfonso Daniel Fuentes Chavez, de 32 anos, e Yania Trillo Perez, de 31, foi ofendido pela síndica após conectar a geladeira a uma tomada no corredor.
Os dois afirmam que receberam autorização da proprietária do imóvel e orientação de um vizinho de que poderiam usar temporariamente o ponto de energia, até a religação da Cemig.
Segundo relato da vítima à polícia, a síndica acusou o casal de “roubar luz do condomínio”, além de proferir ofensas de cunho racista, afirmando que “pobres e macacos” não deveriam morar no local. A mulher nega todas as acusações.
Síndica nega acusações e diz também ser negra
O corretor responsável pela locação do imóvel testemunhou o episódio e também relatou à PM ter ouvido os insultos em ligação telefônica com a síndica.
Ele afirma que, ao saber da situação, quitou as faturas em atraso no dia seguinte e solicitou a religação da energia à Cemig.
Procurada pela TV Globo, a mulher apontada como autora das ofensas negou, por telefone, ter feito qualquer injúria racial. Ela disse que apenas acionou a Polícia Militar por conta do uso indevido da rede elétrica comum, como prevê o regimento interno do condomínio, e que não conhece pessoalmente os moradores.
A síndica declarou, ainda, que é negra, de família negra, e que ficou sabendo das acusações de racismo pela imprensa. Ela informou, ainda, que vai solicitar as imagens de câmeras de segurança e aguardar a apuração dos fatos pela polícia e pelos advogados do condomínio.
O casal vive em Belo Horizonte há cerca de sete meses e afirmou que esta é a primeira vez que passa por uma situação desse tipo no Brasil. Alfonso trabalha como pedreiro, e Yania, como auxiliar de cozinha em fins de semana. Eles disseram morar no apartamento desde maio deste ano.
A ocorrência foi registrada pela Polícia Militar como injúria racial e encaminhada para investigação da Polícia Civil.
Fonte: G1