A Revista Meu Condomínio tem publicado notícias de casos de agressões a síndicos que chocaram o Brasil (AQUI) E (AQUI). A questão foi assunto de uma roda de conversa na Expo Meu Condomínio, com a participação do advogado Anderson Bruno Moreira de Moraes e dos síndicos Guilherme Motta Mendonça e Suellen Sant´Ana, com o tema “Violência contra síndico. É hora de agir”.
Suellen Sant’Ana contou que passou por situação semelhante, quando um morador chegou a forçar a entrada no apartamento dela. E a agressão só não se consumou porque havia uma outra pessoa com ela e conseguiram colocar o morador para fora. O caso foi registrado na Delegacia de Polícia.
Já Guilherme Motta Mendonça relatou que, por diversas vezes, passou por situações de violência, inclusive ameaças: “Cheguei a ficar fora de minha casa com minha família com receio de que algo mais grave acontecesse. Foi uma forma de protegê-los”, pontuou.
Especialista em direito condominial, o advogado Anderson Bruno Moreira de Moraes lamentou que fatos assim continuem acontecendo e afirmou que estes casos deveriam ter uma atenção especial das autoridades policiais. O advogado também deu algumas dicas importantes a síndicos e condôminos.
— Com relação à assembleia condominial, temos que ter cuidado porque, realmente, é um local de conflito. O síndico precisa ir preparado, entendendo que está indo para um local de conflito e se ele estiver com espírito armado, o conflito vai acontecer. Ele vai ser provocado e tem que estar mentalmente pronto para entender isso e resistir. Segundo, ele vai ter que contrariar a nossa natureza, que é de levar tudo para o coração. Ele precisa entender que é um prestador de serviço e que a coletividade tem direito de perguntar e ele tem o dever de responder. Ainda que o outro queira o lugar dele ou causar desgaste, mas está fazendo perguntas pertinentes — explicou.
O advogado reforça ainda que a regra para o síndico é ter transparência e estar preparado para dar qualquer resposta, quando as perguntas forem pertinentes.
Anderson falou ainda sobre o grande gerador de conflitos: O WhatsApp. Para ele, o aplicativo não é ferramenta de controle e administração e tem que ser útil. “A ferramenta tem que existir para ajudar, mas se atrapalha, elimina ela. O grande problema do WhatsApp hoje é porque ele é instantâneo e as pessoas querem que a resposta ou o resultado sejam também é instantâneo e não é”, pontua
Outro ponto destacado pelo advogado é quanto à subjetividade de não estar sendo visto, de todo ser humano, na internet. “O comportamento do ser humano é achar que está isolado por estar dentro do quarto dele. Temos que lembra-lo que ‘Deus está vendo’ e às vezes não só Deus, mas todo mundo da internet porque a sua câmera não é só sua. Grande parte disso é responsabilidade da própria sociedade, que desacredita os órgãos, que não faz, que não cobra. Não faz o boletim de ocorrência porque demora e aí não pode reclamar porque não tem efetividade. Se o síndico mata isso na primeira ofensa que ele recebe no WhatsApp, ele pode estar prevenindo problemas maiores no futuro”, finaliza.
O advogado lembra ainda que situações como estas evidenciam a importância do síndico se profissionalizar. Para ele, um síndico especializado conhece bem suas funções e reconhece todos os meios e órgãos de proteção e apoio: “O síndico deve procurar este apoio diante de ameaças, o que pode coibir o agressor”, concluiu.