“Quem não se comunica, se trumbica”, já dizia o Velho Guerreiro, tido por muitos como um dos maiores comunicadores da televisão brasileira. Claro que em um tempo em que a tv dominava a linguagem e as informações que chegavam ao público. Mas Chacrinha, nascido José Abelardo Barbosa de Medeiros, manteve sua carreira por 50 anos. Poderia ter caído no ostracismo, quando o rádio, onde começou sua carreira, começou a ceder espaço para a caixinha de surpresas, primeiro em preto e branco, depois em cor, chamada televisão.
Porém, Chacrinha conseguiu algo raro: fazer a transição sem perder a mão da comunicação que o ligava a seu público. O que manteve Abelardo Barbosa, aquele que, até hoje, “está com tudo e não está prosa”, foi o fato de ele falar e ser entendido por quem ele precisava que o entendesse. Isso é fundamental não só para qualquer comunicador ontem, atualmente e no futuro, como também para qualquer profissão que tem no outro seu cliente, seu objetivo final.
E qual a ligação de um comunicador do final do século passado com síndicos e condomínios? Total. Chacrinha deixou a lição sobre a importância da comunicação. Em todos os se[1]tores e nos condomínios não é diferente. Seja síndico morador ou profissional, o resultado do seu trabalho, por melhor que seja, valerá muito pouco se o seu cliente – o condômino – não tiver consciência do que aconteceu ou está acontecendo.
Ok, lamento informar que isso não facilitará seu trabalho e nem irá eliminar fofocas e maledicências. Mas, quando você toma o protagonismo de sua história e informa antes que burburinhos surjam, você tem muito mais possibilidades de que seu ponto de vista e suas realizações sejam disseminadas.
Recentemente, entrevistei a síndica moradora e estreante Patrícia Rangel (veja a matéria com ela na página 12 sobre o “presente” recebido no início da gestão, com três placas de granito despencando do último andar no prédio). Na conversa, ela disse que uma das primeiras providências que tomou foi abrir o grupo de WhatsApp, onde todos os moradores agora podem falar.
Confesso que surpreendeu pela visão de uma síndica nova no cargo. Mas também me deixou muito feliz. Esta é uma tecla em que bato desde o início de meu trabalho com condomínios. O síndico precisa falar, mostrar o que faz e, até, a impossibilidade de fazê-lo.
Não é luxo, não é exibicionismo. É comunicar ação. É trazer envolvimento da comunidade, sem a qual o síndico não caminha. A transparência nesses tempos em que a exposição de fatos é nossa companheira diária não pode ser limitada ou restrita. Tem que ser ampla, com regras, é claro. Será fácil? Talvez não. Mas é necessário. Pois, como diz outro comunicador, o Papa Francisco, “a comunicação pela metade faz mal”. Ouso acrescentar: a falta de comunicação faz um mal irreparável. Pense sobre isso e fale com seu público.