Realizar o Censo Demográfico em um país com proporções de um continente como o Brasil não é tarefa fácil. Mas outros complicadores tornam ainda mais difícil o trabalho de coleta de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), como, por exemplo, ter acesso aos condomínios. Só em Campos, há mais de mil condomínios, segundo levantamento da revista Meu Condomínio. E, para facilitar a entrada dos recenseadores, o Instituto começou, desde 2021, a criar um cadastro de síndicos e administradoras de condomínios de Campos, São Francisco de Itabapoana, São João da Barra, São Fidélis, Cardoso Moreira e Italva — municípios pelos quais a agência do IBGE de Campos é responsável. A ideia é fazer um contato prévio para que nenhum imóvel, dentro ou fora de condomínios, fique sem receber a visita do recenseador.
Segundo o coordenador de área demográfica do IBGE, Murilo Nogueira de Jesus Silva, o número de condomínios nos seis municípios que compõem a agência regional é grande e, por isso, representa um desafio para o órgão.
– É um número expressivo da população que vive nesses condomínios. Então, nós temos essa preocupação, porque o recenseador tem certa restrição de acesso, já que não é uma área pública, de livre circulação. Por isso, a gente tenta contato com o síndico antecipadamente, por ofício ou por telefone, passando o nome do recenseador que irá ao local. A gente trabalha sempre com essa ideia de trazer o síndico para perto, já que ele é uma peça-chave neste processo, não só para conseguir acesso ao condomínio, mas também para mobilizar os moradores para a importância de responder à pesquisa – disse Murilo.
Segurança
O coordenador destaca que o Instituto dispõe de meios para confirmação da autenticidade do recenseador que bate à porta dos brasileiros em busca de informações sobre a população: “Todo recenseador do IBGE trabalha devidamente uniformizado, com boné, colete, dispositivo de coleta de dados e crachá, este último contendo nome completo, número da matrícula, telefone do órgão, CPF e RG e a foto, além de um QR code. Pelo QR code e pelo número 0800 721 8181 é possível fazer contato com o IBGE e confirmar se aquela pessoa de fato trabalha no recenseamento”, esclareceu Murilo.
Importância
O Censo Demográfico é mais do que a contagem da população, conforme destaca Murilo. “O Censo é, sim, uma contagem, mas é muito mais do que isso. A gente não quer só quantificar, quer também qualificar essa população, para dizer onde essa população está concentrada, como que essa população vive, quais são as características dessa população. Essas informações são muito importantes para o planejamento urbano, para o planejamento de políticas públicas e até mesmo para a iniciativa privada. Ou seja, é importante para o planejamento do nosso futuro, tanto no setor público quanto no privado”.
E conclui: “O Censo influencia na questão fiscal, como a repartição de dinheiro público para o Fundo de Participação dos Municípios, dos Estados, e determina, ainda, questões políticas, como o número de representantes nas Câmaras de Vereadores, na Assembleia Legislativa, no Congresso Nacional”.
Coleta de dados
A cada dez anos o IBGE realiza o Censo da população brasileira. O último foi em 2010. Em 2020, por causa da pandemia, a coleta de dados foi adiada para 2021, quando o Censo também foi postergado por falta de dotação orçamentária. Com a pandemia sob controle e a questão orçamentária resolvida, os recenseadores começam a trabalhar a partir de 1º de agosto, com prazo de conclusão para outubro.
Com o Censo, o IBGE quer saber, dentre outras coisas, características dos domicílios, identificação étnico-racial, nupcialidade, núcleo familiar, fecundidade, religião ou culto, deficiência, migração interna ou internacional, educação, deslocamento para estudo, trabalho e rendimento, deslocamento para trabalho, mortalidade e autismo.