O fim de uma era: há 40 anos no cargo, a síndica do Edifício JK, prédio icônico de Oscar Niemeyer em Belo Horizonte, foi afastada de forma permanente do cargo. A saída de Maria Lima das Graças, de 78 anos, ocorre após uma internação hospitalar que já dura mais de um mês. Novas eleições para administrar o edifício vão acontecer no próximo dia 30.
A família de Maria das Graças informou que ela não terá condições de retomar os compromissos profissionais. O motivo da internação nunca foi divulgado.
A saída definitiva da síndica do Edifício JK ocorre às vésperas de uma audiência judicial marcada para 7 de outubro para analisar denúncias de possíveis crimes contra o patrimônio cultural.
Maria das Graças também é alvo de moradores que a acusam de falta de transparência, autoritarismo e corrupção na administração do edifício.
Administração interina durante internação
Desde que Maria das Graças foi internada, a administração está sendo tocada interinamente pelo gerente do edifício, Manoel Gonçalves de Freitas Neto. Ele ocupa funções no prédio há 20 anos e também foi eleito subsíndico.
Segundo edital divulgado pela administração, será convocada uma Assembleia Geral Extraordinária no dia 30 de setembro para deliberar sobre a escolha de novo síndico, além de discutir medidas de modernização da estrutura, incluindo elevadores e adequações exigidas pelo Corpo de Bombeiros.
Moradores questionam a escolha da administração do edifício de realizar uma reunião na manhã de uma terça-feira, dia em que grande parte dos votantes não terá disponibilidade para estar presente.
Ação judicial
A saída definitiva de Maria Lima das Graças do cargo de síndica do Edifício JK ocorre às vésperas da primeira audiência judicial sobre a administração do Edifício JK, marcada para 7 de outubro. O processo foi aberto após denúncias de irregularidades na gestão do condomínio.
A audiência está mantida, e a representação do condomínio dependerá do resultado da eleição convocada para 30 de setembro. Segundo a defesa, caso Manoel se candidate e seja eleito, ele assumirá a defesa em nome do edifício; se outra chapa vencer, caberá ao novo síndico essa função.
Em 2021, antes do tombamento do prédio, Maria Lima das Graças e o gerente Manoel Gonçalves de Freitas Neto foram indiciados pela Polícia Civil por crime ambiental, devido à instalação irregular de grades na rampa de acesso ao térreo.
MP acusa omissão na conservação de prédio
Já no fim de 2024, dois anos após o prédio ser tombado, ambos foram denunciados pelo Ministério Público por falta de conservação do edifício. Entre os problemas denunciados está a ausência de laudos obrigatórios, como o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), e problemas estruturais, como infiltrações e falhas de impermeabilização.
No processo, o MP alegou que os gestores foram omissos na manutenção do condomínio. Para a promotoria, a ausência de medidas de preservação e proteção contribuiu para a deterioração da estrutura, considerada de relevante interesse ambiental e cultural. Exemplos disso são a falta de Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) e da impermeabilização predial.
A denúncia do órgão vai ao encontro das reclamações de moradores do JK, que relatam diversos problemas, como infiltrações, itens em má conservação e acúmulo de lixo em áreas comuns.