Um grupo de mulheres que trabalham em um mesmo setor no menor estado brasileiro rompeu barreiras e firmou seu nome no mundo da sindicatura, ganhando eco por todo o Brasil. O Síndicas de Sergipe surgiu em plena pandemia para promover a troca de conhecimento e apoio múltiplo a síndicas naquele momento tão delicado. Desde o início voltou-se para fortalecer o movimento feminino em prol da sindicatura e logo tornou-se marca de referência, promovendo eventos e disseminando conhecimento: “O Síndicas de Sergipe/Brasil está aí para promover conhecimento e fortalecer as boas práticas do ecossistema condominial, seja a partir de suas lives, de sua revista, das redes sociais. Mas não paramos por aí, vem a série de e-books para fomentar o conhecimento e o segundo congresso, que será em Goiânia, em 28 de maio de 2022, e mais uma vez trará uma temática inovadora”, diz a administradora do Síndicas, Edilma Oliveira, entrevistada nesta edição da Meu Condomínio.
Revista Meu Condomínio — Como, quando surgiu e o que é o Síndicas de Sergipe?
Edilma Oliveira — O grupo existe para fortalecer o movimento feminino em prol da sindicatura. Nasceu durante as incertezas da pandemia para promover a troca de conhecimento, apoio múltiplo e, ao mesmo tempo, demonstrar que as síndicas atuam de forma diferenciada, com aplicação de metodologia para gerir o condomínio.
Revista Meu Condomínio — Vocês hoje ultrapassaram fronteiras e participam de eventos no Brasil inteiro. Como é essa experiência?
Edilma Oliveira — Criamos uma rede de relacionamento no Brasil inteiro, seja através das síndicas que estão no grupo, ou dos especialistas que promovem cursos e formação de conhecimento na área condominial. É propósito do grupo fortalecer a gestão feminina na sindicatura, pois somos a maior parte da população no Brasil e a minoria à frente dos condomínios. Também faz parte de um dos valores do grupo que é a sororidade… é importante impulsionar as síndicas a assumirem esse papel de destaque.
Revista Meu Condomínio — Por muito tempo via-se a sindicatura como função de homens. Esse pensamento já está superado?
Edilma Oliveira — Infelizmente, essa questão não foi superada. É muito comum relatos de síndicas que passam pelo preconceito por ser mulher, por ser jovem ou mais velha e até mesmo por ser bonita. A maior parte dos síndicos ainda é de homens… para uma mulher assumir a posição precisa se capacitar, estudar e demonstrar que tem conhecimento para estar em seu lugar.
Revista Meu Condomínio — Já enfrentaram preconceito? E quais os maiores obstáculos que enfrentaram no começo e quais continuam enfrentando?
Edilma Oliveira — Se já enfrentamos preconceito? Enfrentamos todos os dias. Para combater, estudamos muito e agora assumimos nosso lugar como protagonistas. O principal obstáculo é o preconceito de achar que a mulher não tem que estar à frente de um organismo social tão diverso que é o condomínio. O grupo tem outros desafios, como falta de apoio financeiro para promover mais eventos e divulgar mais conhecimento por esse Brasil gigante.
Revista Meu Condomínio — A profissionalização das síndicas e síndicos é um caminho sem volta?
Edilma Oliveira — Sim, é um caminho sem volta. A cada dia as atribuições dos síndicos aumentam e, com isso, a responsabilidade da função também. Mas aqui é importante destacar que gestão profissional independe de ser ou não síndico profissional, pois existem muitos síndicos moradores qualificados que fazem uma gestão profissional.
Revista Meu Condomínio — A humanização é importante para mudar a imagem do síndico no tratamento com os condôminos?
Edilma Oliveira — A humanização é importante não apenas para os condôminos, é importante para o ecossistema condominial. Pois uma gestão humanizada parte de uma contratação de colaboradores de forma assertiva (desde o recrutamento até o desenvolvimento), parte de estar cercado de assessorias estratégicas que promovam a melhoria para o condomínio. Parte de ter empresas éticas que prestam serviço com qualidade atendendo a todas as normas e também da relação com o condômino que precisa ter uma gestão ética, transparente e humana, que olhe para o condômino não apenas como um número, mas como uma pessoa que precisa de cuidado e atenção.
Revista Meu Condomínio — Qual mensagem ou dica para os síndicos ou síndicas que estão começando?
Edilma Oliveira — Estudem! Estudem legislação, neurociência, comportamento social, política, comunicação e o que achar necessário para estar à frente de uma comunidade que exige superpoderes de um representante, o síndico.