O Ministério Público pediu, segunda-feira (14), a prisão preventiva do fazendeiro Alípio João Júnior, 58 anos, que tem ameaçado o síndico e moradores do condomínio onde mora, em Ribeirão Preto (SP). O promotor de Justiça Paulo José Freire Teotônio considerou chocantes os áudios e afirmou que ele não poderia estar vivendo em sociedade.
Em uma das gravações enviadas ao síndico do condomínio, o fazendeiro afirma que pode mandar matar a filha dele e explodir o apartamento de um vizinho por causa do barulho de uma criança.
“Se ele der uma batida hoje, vou explodir o apartamento dele. Se você der parte de mim, eu mando matar tua filha. Você tem filha, mulher. Cuida da tua família. Vou explodir duas dinamites lá. Prova que fui eu, fica lá filmando. Se você não mandar a multa que você me mandou para ele, em 30 dias, eu mando queimar você com tua filha dentro do seu carro.”
Em outro áudio, Alípio diz que não tem medo de ser preso ao lembrar de outros casos de violência em que já se envolveu.
“‘Ah, Alípio, você vai preso.’ Moço, eu atirei em um policial, fiquei dois meses preso. Ou você tira eles daqui ou eu ponho três pistoleiras aqui dentro. Problema é problema, igual eu tenho, nego me roubando fazenda, gado, eu tendo que matar gente, atirando em gente no meio de shopping, isso é problema. Tomo conta de seis fazendas. Meus seis funcionários matam para mim”.
Segundo o MP, o pedido de prisão é uma das ações urgentes que o órgão pediu à Justiça para proteger os moradores do agressor. No dia 10 de julho, um vizinho do suspeito procurou a Polícia Civil para relatar as ameaças sofridas por ele e pela família. Segundo a denúncia, o fazendeiro chegou a explodir uma bomba na varanda da vítima.
Outro caso do fazendeiro:
Em 17 junho, por suspeita de agredir um funcionário que fazia a manutenção das catracas do estacionamento de um shopping na zona Leste de Ribeirão Preto, após se irritar por ter perdido o ticket de saída. A ação foi registrada por câmeras de segurança.
Nas imagens, é possível ver o momento em que Alípio grita e sacode a cancela, forçando a abertura. Depois, ele abre a porta do banco de trás da caminhonete que dirigia, pega a arma, aponta para o funcionário e atira. Um motorista que estava logo atrás dele também gravou a reação.
Na sequência, Alípio guarda a arma no veículo e foge. O tiro atingiu a virilha do funcionário e ele precisou passar por atendimento médico.
Além da espingarda de pressão, policiais apreenderam uma arma de choque, um canivete, uma faca e nove pinos que pareciam ser de cocaína na caminhonete de Alípio.
Os casos são investigados pelo Ministério Público como perturbação do sossego, ameaça, injúria racial, perseguição, coação e injúria com motivação homofóbica.
Além da prisão preventiva, o MP pede ainda que Alípio seja submetido a um exame médico-legal para a avaliação de incidente de insanidade mental.
A defesa de Alípio não foi localizada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.
(G1)